A Mostra

Uma realização da Heco Produções e do CDHEC – Coletivo de Direitos Humanos, Ecologia, Cultura e Cidadania, a 1ª Mostra de cinema de Gostoso pretende agitar culturalmente a cidade de São Miguel do Gostoso (RN), instalando uma tela de cinema ao ar livre na Praia do Maceió. A população terá a chance de ver, GRATUITAMENTE, os mais recentes lançamentos cinematográficos brasileiros. A primeira edição será realizada de 22 a 26 de novembro de 2013.

Também serão feitas sessões em ambientes fechados, com menor capacidade de público, que incluirão debates com personalidades, diretores e atores dos filmes, entre outros. A população também escolherá o melhor longa-metragem e o melhor curta-metragem da 1ª Mostra de cinema de Gostoso, que receberá o Troféu Luis da Câmara Cascudo, uma homenagem ao renomado folclorista e escritor potiguar.

Paralelamente, está sendo realizado em parceria com o CINEDUC – Cinema e Educação e o IFRN - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, uma série de cursos de formação técnica e audiovisual, abordando linguagem, cultura, e prática cinematográfica, oferecida a 40 jovens de São Miguel do Gostoso e distritos arredores ao longo de três anos. Os cursos têm como finalidade a formação cultural dos jovens e sua capacitação profissional para gerir eventos, e suprir a crescente demanda do mercado audiovisual no Brasil. Os jovens aplicarão o conhecimento adquirido nos cursos na produção da Mostra de cinema de Gostoso.

Raimundo Arrais sobre Luís da Câmara Cascudo e o prêmio homônimo

Nada mais oportuno e coerente do que consagrar o nome de Luís da Câmara Cascudo a este prêmio da 1ª Mostra de Cinema de Gostoso. A justificativa que gostaria de invocar aqui se apoia numa afinidade que vejo entre a atividade intelectual de Cascudo e a arte do cinema.

Para fins dessa apresentação, poderíamos isolar, entre as práticas intelectuais desse homem-tudo, o etnógrafo e o jornalista. Porque Cascudo tudo indagou, e a todos – viventes do centro e das fímbrias, nobres e esquecidos. Ele consagrou a vida a perguntar aos pescadores sobre os bem guardados segredos de seu ofício, praticado nos limites entre a terra e o mar; a ouvir e interpretar (atribuindo categoria de arte) os cantos de saudade e ofício do vaqueiro; a buscar o burburinho do saber e das palavras que circulam nas feiras; a auscultar as vozes mortas dos cemitérios, desvelando nelas os traços da memória esmaecida e fraturada da comunidade; a capturar as recordações do poder do Rio Grande do Norte; a debruçar-se sobre os fundos de quintal, divisando as astúcias vitais empregadas pelas criaturas inumanas na luta pela sobrevivência.

Etnógrafo, jornalista, poderíamos chamá-lo igualmente de documentarista. Um documentarista equipado com caderninhos de campo, com uma memória incomum, e um equipamento todo seu, uma câmera cascudo. Com sua câmera cascudo ele nos revelou aquilo que os sentidos distraídos não vêem, registrado no grão fino de sua película, tudo comunicado com meios de expressão eficientes e plásticos.

Cercado de escritores, poetas, jornalistas, músicos e pintores, que reuniu em torno de si ao longo de sua vida sem fronteiras, Cascudo teve uma existência atravessada pela arte dos amigos, em prosa, verso e telas. Um deles foi Dorian Gray, pintor do terno cangaceiro que guarda a porta de sua biblioteca.

Com a gravura que premiará o vencedor deste certame, feita por esse pintor, gravador, poeta, praticante de tantas grandes artes, a primeira edição deste certame acrescenta ao nome de Cascudo o nome de Dorian Gray, enriquecendo a festa do cinema contemporâneo em São Miguel do Gostoso com uma amostra do vigor e da expressividade do pensamento e da cultura do Rio Grande do Norte.

Raimundo Arrais
Historiador





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